quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Psico... análise... do impossível

Eu te batizo, Real, a ti, enquanto terceira dimensão...Eu te batizo, Real, porque se não existisses, seria preciso inventar-te.
Jacques Lacan (1973a)

(...) a pulsão de morte é o real na medida em que ele só pode ser pensado como impossível. Quer dizer que, sempre que ele mostra a ponta do nariz, ele é impensável. Abordar esse impossível não poderia constituir uma esperança, posto que é impensável, é a morte - e o fato de a morte não poder ser pensada é o fundamento do real.
Jacques Lacan (Seminário 23)

(...) o real, aquele de que se trata no que é chamado de meu pensamento, é sempre um pedaço, um caroço. É com certeza, um caroço em torno do qual o pensamento divaga, mas seu estigma, o do real como tal, consiste em não se ligar a nada. Pelo menos é assim que concebo o real.

(...) a pulsão de morte é o real na medida em que ele só pode ser pensado como impossível. Quer dizer que, sempre que ele mostra a ponta do nariz, ele é impensável. Abordar esse impossível não poderia constituir uma esperança, posto que é impensável, é a morte - e o fato de a morte não poder ser pensada é o fundamento do real.
Jacques Lacan (Seminário 23)

Digo sempre a verdade, não toda... pois, dizê-la toda, não se consegue... Dizê-la toda é impossível, materialmente... faltam as palavras. É justamente por esse impossível que a verdade toca o Real.
Jacques Lacan (1973b)

O Real pode ser percebido como algo duro, impossível de ser captado por qualquer instrumento da realidade ou da virtualidade – palavra ou imagem – o que faz com que todos estejamos um pouco fora do camino. Há uma pedra que nos desvia. A ninguém é dado o direito à certeza de sua percepção. Se delirar, etmologicamente, quer dizer, “sair do caminho”, todos deliramos.
J. Forbes (2005)

O que é o Real? É a pergunta que não se deve fazer porque até a forma como ela se apresenta não convém ao Real, tal como se impõem – ao menos segundo Lacan – de elaborá-la na experiência analítica.
J. A. Miller (1998)

O Real não engana.
Difícil tarefa escrever sobre aquilo que jamais se compreenderá. A obra de Lacan permanece aberta deixando a impossibilidade objetiva da certeza, do concluir. Lacan pensa o sujeito despido do saber, do significante, do sentido. O discurso com o seguimento contínuo da fala promovido pela voz, formando um sentido lógico e ordenado não é o que conta. Somente o discurso com ausência de sentido, desencaixado, poderá abrir uma via de acesso para o Real.
O Real que é totalmente fora do compreender e do saber.O Real batizado por Lacan e por ele representado como o nó borromeano.O Real é destituído de racionalidade, não se coaduna com a realidade e por isso não pára de não se incluir, voltando sempre na correnteza do significante, para dela escapar.
O Real é o insólito, a quebra de joelhos das nossas certezas, o que desfaz a arrumação das nossas defesas. Algo se despedaça, se rompe, abrindo-se um espaço.
O Real é de cada um. É uma assinatura.
No último ensino de Lacan, o significante e o significado são só semblantes do Real. Repletos de imaginário e de identificação, procuramos uma análise em busca da verdade, nos defrontamos com a desilusão e acabamos sendo laçados pelo Real.
O Real é imperativo sobre a verdade que é tecida dentro do sentido. Lacan foi além dos limites do inconsciente freudiano fazendo com que ele, o inconsciente, ficasse apenas como um monólogo ecoando no semblante, na defensiva do Real. “Desarrumar a defesa é a orientação maior da prática que se segue ao último ensino de Lacan. O coração, a matriz da operação analítica... ”(Miller, 2002).
O significante, que é passível de mentir, faz com que na mentira não haja um desligamento total entre o Real e o sentido. A mentira traz à tona o simbólico, determinando seu caráter. Podemos, então, concluir que enquanto o simbólico mente o real não engana. Eu escrevo para falar aquilo que não pode ser dito. Para compreender o que jamais saberei. Na tentativa impossível daquilo que escapa.
MIRANDA, Maria Teresa (2005)

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